XO – CDC – Clube Desportivo Camarneira http://cdcamarneira.pt/wp Clube Desportivo Camarneira Tue, 22 Aug 2017 13:56:48 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.4.26 RAID XO 2011 http://cdcamarneira.pt/wp/2011/06/22/raid-xo-2011/ http://cdcamarneira.pt/wp/2011/06/22/raid-xo-2011/#respond Wed, 22 Jun 2011 21:09:59 +0000 http://cdcamarneira.pt/wp2/?p=764













O CDC avança para provas de longas distâncias por etapas.

Raid XO – do Centro ao Ocidente; travessia linear ligando Proença-a-Nova à Praia Pequena (Sintra), Guiado por GPS; 350km, > 7.500m acumulado de subidas, pernoitas em tendas de campismo.

Foi no passado dia 09 de Junho que três atletas(Jorge Fonseca – solo masters, Pedro Rocha e Carlos Teixeira – duplas masculinos) da equipa se dirigiram para Proença-a-Nova, onde a empresa organizadora do evento (Horizontes) recebia os cerca de 100 participantes, lhes proporcionava um jantar de recepção e o primeiro contacto com a prova através do briefing da 1a etapa.

De seguida os atletas haveriam de pernoitar no Pavilhão Desportivo local, de onde sairiam para o terreno na manhã seguinte.

O arranque foi dado pelas 8:30h, com o sol a mostrar que iria marcar presença constante durante este fim-de-semana.



1º dia


140Km; 3065Ac

Este primeiro dia ficou marcado pelas intermináveis subidas, pelas “peregrinações” às eólicas que “florescem” um pouco por todo o lado os topos das nossas colinas e pela passagem pelo Centro de Portugal.
Claro está que depois de tanto subir é inevitável descer… e que descidas! Duras, longas, cheias de pedra, valetas da chuva e técnicas qb.

Os furos, as avarias, algumas quedas, marcaram o desempenho de quase toda a caravana. A nossa dupla rasgou um pneu da frente ao km 15, onde perdeu pelo menos 5 posições na classificação de duplas, mas conseguia manter-se em prova pelos próprios meios.

Todavia a dureza do terreno, o esforço despendido na tentativa de recuperar o atraso, associado ao nosso desconhecimento de provas deste género e aos poucos pontos de água proporcionados pela organização (trata-se de uma prova em autonomia), provocaram mazelas apesar das tentativas de, desviando do track, procurar água num café ou mercearia nas aldeias próximas do percurso. Tal acabaria mesmo por nos obrigar a parar durante cerca de 1 hora, junto de uns aldeões que se encontravam à beira de casa a ver passar os betetistas (acreditem, eu cheguei a equacionar desistir ali mesmo, tal era o mau estado em que me encontrava).

A generosidade das pessoas do interior deste belo país, justifica a fama internacional de sermos um povo acolhedor e hospitaleiro. Um bem-haja àquele casal, que desde água fresca, água com gás, fruta, tudo tentou para que o atleta recuperasse e pudesse seguir o caminho.

Lá mais na frente, também o Master (Fonseca) se ia deparando com dificuldades no GPS, na transmissão da bike (uma pedra que se alojou algures no desviador da frente e impedia a utilização de outro prato que não o do meio), mas fruto da sua maior experiência em provas de resistência (Geo-Raid’s; Travessias de Portugal, etc.) este conseguia manter um andamento forte e bem posicionado.

Meio recomposto e já só com o pensamento em terminar a etapa, pois entretanto já havíamos sido ultrapassados por praticamente todos os atletas em prova, retomamos o track fazendo ainda um desvio para o único café aberto ao longo desses 70km até então percorridos, para comer uma sandes de marmelada. Aqui, fomos apanhados pelo bike vassoura (Josué ou Jota prós amigos, campeão nacional de 24h)…

Deixámo-lo a saborear um gelado na companhia do último classificado, e metemo-nos ao caminho, agora na companhia da única atleta a solo. A capitã da GNR, Clara Lopes com quem fizemos os seguintes 50km. Parece mentira quanto a alimentação e a água ou a falta dela podem influenciar o rendimento em cima da bike.

Deste primeiro dia, onde haveríamos de chegar em 16o lugar, registo ainda o pacote de batatas fritas e a coca-cola que a cerca de 20 km do final nos deram alento para conseguir terminar a etapa… mal sabíamos que ainda iríamos calcorrear os trilhos de Fátima por Minde, autênticos caminhos romanos onde a técnica quer a subir quer a descer são forçadas a estar ao máximo e onde frescura física já não havia!

Claro que o Fonseca, depois de se ver livre do tal problema da transmissão, retomou o seu ritmo e acabaria por dar só 53 minutos de avanço ao 2o da sua classe que por acaso era só 22 anos mais novo!

Chegada, marcação de massagens, entrega da bike na oficina para lavar, lubrificar e reparar caso necessário (o Rocha mudou pneus e montou um novo na frente já que o Rochet Ron ficou inutilizado, acho que schwalbe nunca mais equipam a bike dele!), duche, confraternização (neste final de 1o dia quase não deu tempo!!), jantar,    briefing    da    etapa    seguinte    e caminha(que é como quem diz, saco cama!)….


2º Dia


Depois de uma noite tão bem dormida quanto o campismo e o cansaço acumulado são capazes de proporcionar, toca a levantar, duche, pequeno-almoço, arrumar o saco e partir para novo desafio.
Prato do dia: 110km, 2600 Ac.

Depois do dia anterior violento, com subidas impossíveis de fazer até com ela às costas, nesta etapa iríamos encontrar um percurso 100% ciclável com bonitas paisagens, onde a lição do dia anterior nos obrigou a uma gestão do esforço mais atenta para conseguir completar a totalidade do desafio.

O Fonseca acordou com a garganta muito afectada pelo frio da noite em Proença, mas durante a noite já tinha estabelecido contactos com o médico(a) e de manhã já estava a tomar anti- inflamatórios.

A partida deu-se no local de chegada do dia anterior e, para aquecer, começava logo a subir com cerca de 20% de inclinação! Até os da frente foram a pé!


Encontrado o nosso ritmo, lá prosseguimos o constante sobe e desce… neste dia atravessamos várias localidades e era bem mais fácil encontrar água ou mantimentos. A organização, fruto dos comentários dos atletas no final do dia anterior, também encurtou as distâncias entre os pontos de água. A determinada altura, cerca das 12:30h passamos por uma aldeia que tinha um armazém de fruta… faltou-me a vergonha e além dos bons dias, perguntei se a Sra. que por acaso aí estava, não nos arranjava uma maçã! A resposta foi pronta e afirmativa… e que bem que nos soube.

Ainda paramos num pequeno bar dessa aldeia e na falta de pão para nos fazerem umas sandes, acabamos por comer um pastel de nata e beber uma mini preta… Acho que encontramos a receita prós problemas de hidratação sentidos na etapa anterior!!! 😀
Foi uma etapa bastante dura, mas conseguimos rodar mais tempo no nosso ritmo, mesmo se o Rocha chegou ao final da etapa exausto… Cheguei a temer não ter parceiro para última etapa, mas ele não é tipo de virar a cara à luta! Obrigado companheiro.

O Fonseca fez toda a etapa com o 2o classificado    nos    Masters,    Armando “Chamusco” Fernandes e com o Vitor Jerónimo Pereira(BikePurePortugal team). Apesar das dificuldades respiratórias levavam um ritmo regular e de sã camaradagem, que fez com que não houvesse alterações na classificação dos Masters no final da etapa.

À chegada repetiu-se a rotina de chegada do dia anterior, mas desta vez nas nossas bikes apenas houve lugar a lavagem e lubrificação!
As tendas, tal como no final de cada etapa aguardavam-nos já montadas, numeradas e com as respectivas bagagens lá dentro… Um mimo!


3º Dia


104km, 1800 Ac.

A última etapa começava e acabava junto ao mar! Em Peniche, tivemos música toda a noite que é como quem diz até ás 07:00h! pois tínhamos uma discoteca paredes meias com o parque de campismo… (lá dentro por certo rebentou os tímpanos dos frequentadores, pois no parque de campismo ficou a sensação de que estava a haver alguma Rave numa das tendas!!!) subitamente às 07:00h fez-se silêncio daquele lado.

O Fonseca viu agravarem-se os problemas de garganta ao ponto de ao pequeno-almoço apenas ter “comido”a muito custo o sumo de uma laranja. Nós, já “expert’s” resolvemos embalar umas sandes de fiambre e queijo e bota pró bolso do Jersey… haveriam de servir de reabastecimento.
Partida por alcatrão sempre junto ao mar, passagem pelo farol e terra pela frente com mar á direita alguns metros a baixo (em linha recta muitas vezes!). Excelentes vistas/paisagens. Percorrer todas aquelas arribas ali com o mar a nossos pés, é algo que assim de bike é de facto extraordinário.











Aos 25 km, apanhamos o grupo constituído pelo Fonseca, pelo Vitor Pereira e pelo Chamusco. Tenho de deixar aqui duas notas, uma para este SENHOR Chamusco (Armando Fernandes), consciente das dificuldades que levavam o Fonseca a nem sequer conseguir beber podia ter recuperado sem dificuldade o atraso que tinha para o Fonseca, no entanto mostrando enorme desportivismo e Fair Play, optou por fazer toda a etapa com ele. Outra nota para o Fonseca, um HOMEM que com a bela idade que tem, com    uma    noite    mal    dormida, praticamente sem ter comido nada (apenas a tal laranja ou o seu sumo) e sem conseguir hidratar devidamente, fez toda a etapa sem qualquer auxilio exterior.

Rodamos o resto da etapa com eles e com mais outros dois colegas, o Filipe Costa do BTT Lisboa, e o Luis Rosado do A.D. Flor da Rosa. Foi uma etapa de camaradagem e boa disposição.
À chegada à Praia pequena, esperava-nos um churrasco num jardim com vista pró oceano…
A sensação de ter terminado tão grande epopeia é algo que, modéstia à parte, só quem vive esse momento poderá descrever. A mim, faltam-me as palavras pra vos dizer o que sinto, mas faço minhas as do colega Vitor Jerónimo Pereira, no rescaldo de eventos do Fórum BTT:

Para já apenas digo que hoje sinto um vazio tremendo. Queria ter acordado, ainda que tendo dormido muito mal, preparar tudo e ter partido para mais uma etapa do RaidXO…”.

Eu não mudava uma letra!!


Abraço e continuem a pedalar,

Carlos Teixeira

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